domingo, 9 de maio de 2010

A Morsa e o Carpinteiro

- Vocês são muito gentis. Mas eu tenho de ir...
- Porquê?
- Porque procuro um coelho branco.
- Porquê?
- É que eu estou curiosa para saber para onde ele foi.
- Ohh... Ela é curiosa...
- As ostras também foram curiosas, não foram?
- É... E tu lembras-te do que aconteceu?
- (choramingar) Pobrezinhas...
- Que foi? O que é que se passou com as ostras?
- Oh, tu não estás interessada.
- Mas estou!
- Oh, não. Tu estás muito apressada.
- Talvez eu possa demorar mais um pouco...
- Podes?! Óptimo!
- A Morsa e o Carpinteiro...
- ...Ou a história das ostras curiosas.


O sol brilhava sobre o mar, brilhava bem brejeiro
E ele cumpria o seu dever sem o menor receio.
Mas quando ele deu mesmo sem saber porquê, a noite estava a meio.
A Morsa e o Carpinteiro estavam um dia a passear. Tudo ia bem, mas pronto, ele queria-se afirmar.
“Sr. Morsa” disse o Carpinteiro “A coisa não vai bem. Vamos varrer até volter e isso é que convém.”
“Varrer?! Oh! Então eu digo:”
“Oh, meu amigo!”
“Chegou agora a vez, de se falar de coisas mais, de couves e de reis. Do mar que está a fervilhar de porcos e pastéis. Calou, calei, só falarei de couves e de reis.
Oh-oh! Ostrinhas bonitinhas, não querem passear? A morte é certa, a vida é bela e o sol está a brilhar.”
“Se a fome nos der no caminho, podemos... mmmm... Almoçar?”
“Brrr”
Mas a Mãe Ostra que não é oca, piscou o seu olhinho. E disse “Não porque é a estação de uma ostra estar no ninho. Tenham descanso. O mar é manso. Fiquem aqui” Disse a Mãe.
                                  

“Sim, sim é claro, é claro, mas... Chegou a hora minhas ostrinhas senhoras, chegou agora a vez. De se falar de coisas mais, de couves e de reis. Do mar que está a fervilhar de porcos e pastéis. Calou, calei, passearei com couves e com reis.”

“Muito bem, deixa cá ver... Um bom pão! É disso que agente precisa!”
“E que tal um bocadinho de molho picante, ham?”
“Ah, claro, que óptima ideia! Ah, esplêndida! Agora, se estiverem prontas, queridas ostras, podemos almoçar.”
“Almoçar?!”
“Oh, sim. Chegou a hora, meus anjinhos de falar de alimento.”
“De carne, pão, pimentão e outros condimentos... E mexer bem, como convém é um dos meus talentos. Calou, calei, eu comerei com couves e com reis.”
“Eu, eu... sinto muito... Oh, desculpem. A gula também mata, embora a vossa companhia me fosse muito grata.”
“Ostrinhas, ostrinhas...”
Mas resposta nenhuma. Porque elas tinham todas sido comidas. Uma a uma.

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